Saiba tudo sobre o time brasileiro de hóquei que se inspirou no personagem de Todd McFarlane e que tem ajudado a popularizar o esporte no país.


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O que Spawn tem a ver com hóquei? Na verdade, muita coisa! Todd McFarlane, além de ser um grande fã do esporte como todo bom canadense, em 1998 possuía uma participação minoritária do clube de hóquei da NHL Edmonton Oilers. Em 2001, ele co-projetou a terceira camisa dos Oilers, que se tornou a terceira camisa mais vendida da história. Em 2008 ele vendeu sua parte para o bilionário Daryl Katz, presidente da Katz Group of Companies, uma das maiores empresas do Canadá voltada para, entre outras áreas, esporte e entretenimento.

O capitão do Edmonton Oilers, Jason Smith (à esquerda) e Todd McFarlane, na época coproprietário do time, mostram a terceira camisa, que foi revelada em uma entrevista coletiva em 26 de outubro de 2001.

Em meados dos anos 90 McFarlane passou a patrocinar dois times de hóquei por ano onde fornecia uniformes com a logo do Spawn e às vezes haviam jogos de exibição com a presença do próprio artista. Isto unia sua paixão pelo esporte com um marketing para o seu personagem, ajudando na sua popularização.

O Redford “SPAWNS” de Michigan foi um dos times patrocinados por Todd McFarlane

Uniforme do Hockey Jersey, também patrocinado por Todd McFarlane

Anúncio em uma revista do Spawn de um jogo de hóquei em Detroit com presença de Todd McFarlane

Em 2001 Todd McFarlane, através da sua empresa de brinquedos McFarlane Toys, conseguiu a licença da NHL (National Hockey League) para desenvolver action figures dos maiores jogadores da liga. Esta coleção fez muito sucesso entre os amantes do esporte pois exibia as feições dos jogadores com extrema perfeição.

Série 1 de actions figures da McFarlane Toys.
Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Ed Belfour (Dallas Stars), John LeClair (Philadelphia Flyers), Peter Forsberg (Colorado Avalanche), Mats Sundin (Toronto Maple) e Jose Theodore (Montreal Canadiens)

Ainda falando de brinquedos, Todd McFarlane fez uma parceria em 1998 com a empresa canadense Olympia para criar miniaturas de escala 1:45 de carros limpadores de pista de hóquei, que são usados nos intervalos dos jogos.

A Olympia é uma marca de equipamentos usados para trabalhar no gelo como carros limpadores de pista, tratores e acessórios. O Spawn Ice Resurfacer é um item raro de colecionador.

E é claro, não podemos deixar de falar de um dos vilões das histórias de Spawn, Tony Twist, que teve seu nome emprestado de um jogador de hóquei do St. Louis Blues e Quebec Nordiques. Alegando que seu nome associado a um personagem mafioso prejudicou sua vida pessoal e profissional, Twist acabou processando McFarlane em U$ 5 milhões.

Por ter usado o seu nome sem autorização e afirmado que isto prejudicou sua carreira, Tony Twist processou Todd McFarlane. Hoje o personagem não é mais usado nas histórias e o nome foi alterado para Vito Gravano!

Para finalizar este giro de curiosidades envolvendo Spawn e mundo do hóquei nos EUA, a editora Wizard possuía uma revista voltada para os esportes chamada Collector’s Sportslook, e sempre vinha de brinde um card metalizado mostrando um personagem das HQ praticamente alguma atividade esportiva. Uma edição do início de 1994 trouxe um card do Spawn jogando hóquei contra o Palhaço.

Mas não é somente nos Estados Unidos que existe uma ligação de Spawn com o hóquei. Aqui no Brasil também temos um time que se inspirou no Soldado do Inferno e tem ajudado a popularizar o esporte no país, mesmo que seja sobre patins in line. Criado na cidade de Pirassununga, São Paulo, nós encontramos o Spawn Hockey, uma equipe que está em atividade há mais de 20 anos e que usa as imagens do personagem de Todd McFarlane em seu uniforme!

Time do Spawns Hockey.
De pé: Sargento, Daniel, Rocha, Rogério e Rafael
Sentados: Allan, Renan, Renato, Ezequiel e Luciano

Símbolo do time do Spawns Hockey

Criado no final de 1997, o time começou como uma brincadeira de rua que chamou a atenção dos jovens. E foi a partir deste passatempo descomprometido é que surgiu a ideia de criar um time de hóquei que se tornou orgulho para a cidade de Pirassununga.

“Tudo começou como uma brincadeira entre o Roberto Morant e uma namorada na rua do bairro”, conta Rogério Vieira, que é coordenador de logística e atacante do time nas horas vagas, além de ser o único remanescente do time original. “Creio que ele tenha visto o jogo em algum shopping e resolveu praticá-lo. Nós éramos amigos e vimos os dois brincando, assim resolvemos nos juntar. Na época nem tínhamos disco, era só uma bolinha. Com o tempo compramos taco e patins e começamos a praticar em uma quadra do bairro. Aos poucos outros garotos viram a novidade e começaram a pegar gosto pelo esporte”.

Mas por que Spawns Hockey? Segundo Rogério o fundador do time, Roberto Morant, além de fã do Spawn, tinha em mente um significado mais amplo:

“Spawn significa cria, portanto seríamos as Crias do Hóquei de Pirassununga!”, conta ele.

Time original do Spawns Hockey
Em pé: Vanilson, Leonardo, Eduardo, Jefersson e Pinho
Agachados: Edvaldo, Edmilson, Roberto, Rogério e Allan

Foi então que a brincadeira começou a ficar mais séria, e para isto equipamentos profissionais tinham que ser comprados. Usando recursos próprios e depois com o apoio de um jornal local que custeou o uniforme, o time se profissionalizou. E sua estreia aconteceu no início de 2000 quando participou do seu primeiro campeonato na cidade de Boituva. O jogo de estreia do time foi com uma vitória sobre o Leme por 4 X 1.

Roberto Morant, o fundador do Spawns Hockey
Créditos da foto: Jornal O Movimento

A partir daí time começou a ganhar notoriedade e, em 2013, o Spawns Hockey foi campeão da série B da 2ª Copa Interior de Hóquei In Line. Foi o início de uma carreira que colecionou vários troféus com o passar dos anos.

Equipe Campeã da série B (da esquerda para a direita): Luciano, Rafael, Hugo, Allan, Marcos, Paulo, Ezequiel, Vanilson, Rogério, Renan e Jairo (ajoelhado)
O time coleciona uma série de troféus em sua carreira

Rogério conta que, embora fosse um time popular na cidade, ainda teve problemas financeiros, principalmente quando haviam jogos em outras cidades e precisavam se deslocar.

“No início ninguém trabalhava. Haviam momentos que conseguíamos transporte com a prefeitura, mas em outros não, então nós mesmos tínhamos que custear as despesas. Quando entrávamos em um campeonato tínhamos que comparecer e pagar taxa. Foi uma época muito difícil para o time se superar pois havia momentos em que a prefeitura apoiava o time, mas quando mudava a gestão este apoio acabava. Aí tínhamos que ir até lá e mostrar todo o trabalho novamente.”

O time do Spawns Hockey já passou por vários problemas financeiros, principalmente quando haviam jogos em outras cidades

Com a popularização dos Spawns Hockey um novo braço do time foi criado: uma equipe feminina, que teve algumas jogadoras que atuaram na Seleção Brasileira de hóquei. Porém, por falta de novas integrantes, o time acabou deixando de existir.

Time feminino do Spawns Hockey junto com a equipe de São Bernardo do Campo

Rogério nos conta que um dos maiores apoiadores do time foi José Isidoro de Oliveira, conhecido como Juca Bala. Falecido em março de 2018, ele trabalhava em um dos principais jornais da cidade, além de ter sido vereador e fisioterapeuta e é lembrado com saudade. “Ele era um jornalista de verdade e que sempre nos apoiou em suas matérias.”

Juca Bala foi um dos maiores apoiadores do time, ajudando a popularizá-lo na cidade. A notícia sobre seu falecimento pode ser lida aqui.

Com o passar dos anos, vários jogadores do time original saíram por diversos motivos, sejam eles pessoais ou profissionais. O próprio fundador, Roberto Morant, não possui mais ligações com o Spawns Hockey, segundo conta Rogério:

“O Roberto se mudou e foi morar em Campinas (distante cerca de 140 Km). Com a dificuldade de vir treinar, acabamos perdendo contato. Ele até chegou a treinar no Guarani para não ficar parado. É a rotina da vida e acabamos nos distanciando. Outros jogadores tiveram destinos parecidos, seja mudando de cidade ou pelas atribuições da vida pessoal e profissional, e assim vários acabaram deixando o time.”

Contando atualmente com 14 jogadores, o time treina em uma quadra cedida pela prefeitura de Pirassununga em um centro esportivo, que acabou sendo adaptada pelos próprios jogadores para o esporte: “Nós fizemos mureta em volta com os recursos da prefeitura para adequá-la ao hóquei e assim poder trazer alguns campeonatos.

O time treina em uma quadra em um centro esportivo cedido pela prefeitura
Os próprios jogadores tiveram que fazer adaptações na quadra para adequá-la ao hóquei

Sem patrocinadores, a manutenção do time é custeada pelos próprios jogadores. Como também não há ajuda financeira de nenhum órgão público, os Spawns Hockey passa por dificuldades para se manter. É uma realidade pela qual os esportes amadores e não considerados “de massa” sofrem no Brasil. Mesmo assim um tipo de apoio continua sendo importante para os jogadores: a família.

“Nos jogos sempre temos a torcida das esposas, namoradas e filhos. Não temos uma torcida grande pois não são muitas pessoas que acompanham o hóquei, mas os poucos que assistem nossos jogos são nossas famílias e acabam virando nossa torcida”, conta Rogério.

Na parte social, Rogério nos conta que já foi criada uma “escolinha do hóquei” voltada para as crianças carentes da região. “Nós tínhamos este projeto há dois anos atrás e levávamos as crianças para treinar. Para isso conseguíamos equipamentos infantis como capacete e patins. Mas com o tempo houve uma dispersão e tivemos que encerrar o projeto. Temos a pretensão de voltar com com ele para que o esporte proporcione alguma atividade e tire as crianças das ruas.”

E sobre Todd McFarlane, será que ele têm conhecimento sobre a existência de um time brasileiro de hóquei baseado em seu personagem? Segundo Rogério ninguém nunca os procurou. “Nós até sabemos quem ele é, mas nunca entramos em contato nem fomos procurados.”

Para finalizar, o veterano jogador deixa uma mensagem final para o Spawn Brasil:

“Gostaria de agradecer ao Leandro que nos procurou para fazer esta reportagem e podermos contar um pouco sobre uma brincadeira que virou uma paixão pelo esporte. E quanto a isso tenho certeza que trouxe benefícios para nossas vidas. No início foi uma brincadeira do Roberto Morant na rua do bairro, que foi tomando tamanha proporção e, num piscar de olhos, todos os amigos da vila estavam querendo de presente dos pais algo que estive ligado ao hóquei. Junto veio a escolha do nome Spawn que para o Roberto seria como as “Crias do Hóquei”, e isso fez com que muitos de nós naquela época trocássemos as saídas de finais de semana para treinar. Nossos treinos eram sábado e domingo, das 19:00 às 22:00 horas, e a vontade era tanta que não fazia falta as festinhas e nem as possíveis companhias que a vida poderia trazer como má influência, e assim foi nossa adolescência. Eu posso garantir que o Spawns Hockey me trouxe grandes amigos, grande crescimento e amadurecimento, pois apenas quem pratica algum tipo de esporte, participa de campeonatos por mais amadores que sejam, sabe o quanto isso contribui. Aprendemos a comemorar as vitórias, mas também aprendemos a superar derrotas e a levantar após cada queda. Isso em nossa vida foi uma contribuição gigantesca para sermos o que somos hoje.

Para mais informações sobre o time do Spawns Hockey basta acessar sua página no Facebook.

Caso queira visitar e conhecer o time, os treinos são feitos no Complexo Poliesportivo Professor Edirez da Silva Peres às quintas-feiras das 20:00 às 22:00 horas e aos domingos das 09:00 às 11:00 horas. O endereço é na Avenida Presidente Médici, Jardim Carlos Gomes, Pirassununga – SP


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