Personagens de Spawn no Mundo Real – Parte 1 – Conde Cogliostro

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Matéria publicada originalmente no Spawn Alley – http://spawnalley.blogspot.com/2016/01/spawn-no-mundo-real-parte-1-conde.html

Conde Cogliostro em Spawn

Como todo leitor de Spawn sabe, seu universo é formado por um caldo cultural provindo de várias fontes: cristianismo, mitologia grega, cultura wicca, hinduísmo, entre outras. Além disto, vários livros inspiraram várias de suas histórias como A Divina Comédia, de Dante Alighieri e O Livro de Urizen de William Blake. Também é sabido que Todd McFarlane se inspirou em pessoas reais para compor seus personagens, e entre elas está o Conde Cogliostro, também conhecido como Caim, o primeiro assassino da história. Poucas pessoas sabem, mas Cogliostro (na verdade, Alessandro Cagliostro) realmente existiu e foi um famoso ocultista, sendo fonte de estudo para vários adeptos do esoterismo.

Nascido em 2 de junho de 1743 em Palermo, na Itália, Alessandro (também chamado Giuseppe) perdeu o pai bem cedo, e por causa das dificuldades financeiras da mãe, foi enviado para morar com um tio. Porém, após uma tentativa de fuga, ele foi enviado para um seminário e a seguir para um mosteiro beneditino. Alguns anos depois, tornou a fugir e se juntou a um bando responsável por vários crimes, entre eles assassinatos.

Com 17 anos passou a se interessar por alquimia, e isto chamou a atenção de um ourives chamado Marano. Cagliostro o convenceu que mostraria a ele um grande tesouro em troca de 60 onças de ouro (cerca de 1,7 kg). Após levá-lo a um lugar ermo, Marano foi atacado pelo bando de Cagliostro. Com o ouro roubado, ele iniciou sua viagem pelo mundo.

Diz-se que ele esteve no Egito, Grécia, Pérsia, Rodes, Índia e Etiópia a fim de aprimorar seus estudos de alquimia e ocultismo. Após retornar à Itália em 1768, Cagliostro abriu um cassino em Nápoles junto com seus comparsas com o intuito de fraudar os jogos e enganar os frequentadores. Denunciado para as autoridades, ele e seu bando foram expulsos da cidade. Então ele viajou para Roma, onde se estabeleceu como médico e casou com Lorenza Feliciani. Com a chegada da Inquisição, Cagliostro foi acusado de heresia, o que o fez fugir para a Espanha com sua esposa mas, após um tempo, ele retornou para Palermo onde foi preso por acusação de Marano. Algum tempo depois, ele conseguiu escapar e fugiu para a Inglaterra.

Cagliostro supostamente conheceu o Conde de St. Germain em Londres, que o iniciou nos rituais ocultistas do antigo Egito e teria-lhe ensinado a fórmula das poções da juventude e da imortalidade. Após fundar lojas maçônicas, baseadas em rituais egípcios, na Inglaterra, Alemanha, Rússia e França. Cagliostro foi para Paris em 1772, onde passou a vender elixires médicos. Fixou residência no nº 1 da rua Saint Claude.O rei Luís XVI se interessou por Cagliostro, que passou a entreter a corte real com suas mágicas e contos. Por muitos anos Cagliostro foi um dos favoritos da corte francesa, até se envolver no famoso Caso do colar da Rainha (ou Caso do colar de diamantes), um dos principais eventos que levaram ao início da Revolução Francesa em 1789. Graças ao seu envolvimento nesse escândalo, Cagliostro foi encarcerado na Bastilha por seis meses e depois expulso da França.

Alessandro (Giueseppe), Conde de Cagliostro

Foi então novamente para Roma em 1789 onde praticou sua medicina e tentou fundar, após muitos anos, uma loja maçônica, nos moldes das outras que já havia originado. Foi preso pela Inquisição em 1791 no Castelo Sant’Ângelo, acusado de heresia, bruxaria e prática ilegal da maçonaria. Após 18 meses de deliberações a Inquisição sentenciou Cagliostro à morte, pena esta que, pela clemencia papal, foi comutada para prisão perpétua. Cagliostro tentou fugir, mas foi preso novamente e transferido para a solitária no castelo de San Leo, perto da cidade de Montefeltro, onde ele morreu em 26 de agosto de 1795. A notícia de sua morte não foi acreditada por toda a Europa e, somente quando Napoleão fez um relato pessoal do acontecido, Cagliostro foi aceito como morto de fato.

Porém, existe uma versão interessante que diz que Cagliostro na verdade não morreu, mas desapareceu. H.P. Blavatsky conta que um estranho personagem, nunca antes visto no Vaticano, surgiu em Roma e solicitou uma audiência em particular com o Papa. Ao invés de dar seu nome, o desconhecido mandou ao Pontífice, pelo Cardeal Secretário, apenas uma palavra.

A reação do papa foi receber imediatamente o desconhecido. Depois de alguns minutos de audiência privada, o personagem retirou-se. Em seguida, o papa deu ordens para um procedimento que deveria ser feito no mais absoluto segredo. A pena de morte a que Cagliostro havia sido condenado deveria ser comutada para pena de prisão perpétua. O conde de Cagliostro deveria ser encerrado no castelo de San Leo, que ficava no alto de uma rocha, e ao qual só se podia ter acesso por meio de uma cesta elevada e abaixada com uso de roldanas. Era um elevador primitivo.

Foi dali, há mais de 200 anos, que Cagliostro desapareceu em 26 de agosto de 1795.

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